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Ilustração: Shutterstock
Edição 241

Gringos já trabalham com dólar a R$ 6,50

E mais: a margem equatorial da Petrobras, os Dreamliners da Latam e a crise das máquinas

Carlo Cauti
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Os analistas de bancos internacionais estão muito pessimistas em relação ao câmbio do real. O último relatório mensal do Wells Fargo revisou o câmbio para o primeiro semestre de 2026 de R$ 5,90 para R$ 6,50.

Para o final de 2025, a previsão do banco era que o real terminasse em R$ 5,40 por dólar. Agora, a perspectiva é que a moeda americana encerre 2024 em R$ 5,65. Para o ano que vem, a previsão é que o câmbio chegue a R$ 6,30.

Revisão de gastos só depois da eurotrip

Uma das principais razões da alta acelerada do dólar nos últimos dias é a falta de uma data para ocorrer a revisão dos gastos públicos, prometida pelo governo Lula.

Apesar da pressão do mercado por informações, o ministro Fernando Haddad decidiu ir para a Europa na semana que vem, retornando ao Brasil apenas no dia 9 de novembro.

Portanto, eventuais revisões orçamentárias deverão ocorrer somente na semana seguinte. Até lá, teremos altas emoções no câmbio.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobe a estimativa de gastos para R$ 20,7 bilhões | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fernando Haddad, ministro da Fazenda | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Margem equatorial, agora vai?

A Petrobras está levando adiante conversas com o Ibama sobre a licença de um bloco na Bacia da Foz do Amazonas, na margem equatorial brasileira.

O órgão já deu parecer técnico negativo para a exploração. Segundo fontes de Oeste, a expectativa é que a decisão seja revertida neste ano ou no máximo no ano que vem.

A margem equatorial é a maior aposta da Petrobras para obtenção de novas reservas de petróleo no país.

Dividendos extraordinários da Petrobras?

O Goldman Sachs está otimista com a rentabilidade da Petrobras.

Para o banco de investimento americano, a petrolífera brasileira poderá anunciar uma distribuição de US$ 4 bilhões em dividendos extraordinários no quarto trimestre de 2024.

Esse montante é o ponto médio entre o cenário mais conservador, de uma distribuição adicional de US$ 2 bilhões, e o mais otimista, de até US$ 6 bilhões.

A expectativa é que os novos dividendos sejam anunciados no dia 7 de novembro, junto com o balanço do terceiro trimestre deste ano, ou durante o lançamento do próximo plano estratégico.

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Petrobras absolvida, pero no mucho

A Petrobras ganhou um processo contra uma ação coletiva movida na Holanda por um grupo de acionistas não incluídos no acordo sobre a Operação Lava Jato nos Estados Unidos.

O tribunal considerou que a Petrobras e a Petrobras Global Finance B.V. (PGF) agiram ilegalmente sob a legislação de Luxemburgo, enquanto a PGF agiu ilegalmente no que tange à legislação holandesa.

Todavia, segundo o tribunal, não cabe indenização, pois os danos se qualificam como indiretos e não são passíveis de ressarcimento. Ainda cabe recurso.

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Vale e o ferro das Arábias

A Vale e a chinesa Jinnan Steel & Iron Group anunciaram uma parceria para implementar uma unidade de concentração de minério de ferro no Porto e Zona Livre de Sohar, em Omã.

A planta fornecerá minério de ferro de alta qualidade para a produção de pelotas e briquetes na região, com capacidade produtiva de 18 milhões de toneladas de minério de ferro de baixa qualidade por ano, produzindo 12,6 milhões de toneladas de concentrado de alta qualidade.

O lançamento das operações está previsto para 2027, com investimento inicial de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3,4 bilhões).

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Novos jatos da Latam

A Latam continua avançando em seu compromisso de ter uma das frotas mais modernas e eficientes da América Latina.

A aérea anunciou a compra de dez novos aviões Boeing 787 Dreamliner, com opção de compra de outras aeronaves adicionais. Tornando-se, assim, a maior operadora de Boeing 787 da região.

Hoje, o grupo Latam é o maior operador de aviões Wide Body e 787 Dreamliner da América Latina, operando 37 aviões 787.

Foto: Divulgação/Latam

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Magalu da logística

O Magazine Luiza informou o lançamento de sua operadora logística independente, a Magalog.

A nova empresa vai consolidar os ativos logísticos do grupo e suas aquisições, e terá faturamento inicial acima de R$ 3 bilhões.

Com 21 centros de distribuição, dois hubs nacionais, 20 hubs regionais e 153 bases operacionais parceiras, além de uma frota de 6 mil veículos e uma equipe de 9 mil funcionários CLT e 3,5 mil parceiros, a Magalog já opera em mais de 3,8 mil cidades brasileiras.

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Máquinas em dificuldades

A receita líquida das vendas de máquinas e equipamentos caiu 12,7% em setembro em relação a agosto e recuou 8,8% na comparação com o mesmo mês de 2023.

Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

A queda foi puxada pelo recuo nas vendas do mercado doméstico, já que as exportações cresceram 37,8% em relação a agosto e 12,3% na comparação anual.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria de máquinas encerrou setembro em 76,2%, mesmo índice observado nos últimos três meses.

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Caixa sai da Wiz

A Caixa Seguridade informou que venderá a participação no capital social da corretora de seguros Wiz para a empresa Integra Participações.

A operação entre a Caixa Seguridade e a Integra contempla a venda de 25% do capital social total da Wiz por mais de R$ 238 milhões.

Após o fechamento da operação, a Caixa Seguridade deixará de deter, direta ou indiretamente, qualquer participação societária na Wiz.

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Eve conquista a confiança do Citi

A Eve, fabricante de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL) da Embraer, recebeu um financiamento de US$ 50 milhões do banco americano Citibank.

Segundo a companhia, os recursos fortalecerão o balanço patrimonial e apoiarão o programa de pesquisa e desenvolvimento da aeronave.

Com esse valor, a liquidez projetada da Eve para o segundo trimestre de 2024 alcançará aproximadamente US$ 480 milhões.

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Entramos na era dos super-outlets

O mundo das compras está mudando rapidamente. E os outlets estão se tornando os vencedores dessa nova disputa pelo consumidor.

Essa é a certeza de Cesar Federmann, presidente da Enne, desenvolvedora e controladora do Outlet Premium junto com a General Shopping & Outlet, que controla outros sete empreendimentos desse tipo Brasil afora.

“A nossa ideia era criar um outlet com cara de shopping. Onde o cliente possa se sentir bem fazendo as compras. E não apenas passar rapidamente para comprar algo barato”, explica Cesar, em entrevista a Oeste.

O executivo recebeu a reportagem no novo Outlet Premium Imigrantes, o mais novo empreendimento do grupo, que conta no total com sete outlets.

Localizado em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, uma região estratégica para quem segue em direção ao litoral, o empreendimento conta com mais de 18 mil metros quadrados e mais de cem lojas. E já está no calendário um projeto de expansão.

“Inauguramos o outlet em abril, e já recebemos quase 1,5 milhão de pessoas, superando um faturamento de mais de R$ 200 milhões em vendas”, afirma Nathália Federmann, diretora da Enne.

Segundo ela, o objetivo é criar um verdadeiro turismo de compras, de fácil acesso em qualquer dia da semana, e com serviços que possam atrair clientes para além das compras de roupas.

“Nosso objetivo é criar a maior rede de outlets do Brasil. Estamos chegando lá”, diz Cesar.

Confira os melhores trechos da entrevista com Cesar e Nathália Federmann.

Nathália e Cesar Federmann | Foto: Divulgação

O conceito de outlet já é conhecido no Brasil e no mundo. Qual é a novidade no modelo de negócios do Outlet Premium?

Cesar: O termo “outlet” foi vulgarizado. No passado, era sinônimo de locais ruins, geralmente pouco cuidados, onde se compravam produtos de coleções ultrapassadas, com defeitos, e de forma quase envergonhada. Nós decidimos revolucionar esse conceito. Agora os verdadeiros outlets são aqueles que têm uma excelente localização, um excelente mix de produtos, praça de alimentação, espaço pet, um lugar para passar o dia com a família. Uma nova categoria de experiência para o cliente. Isso tudo sempre de olho na viabilidade do negócio. Por exemplo, mantendo os custos operacionais baixos. Sem precisar de ar-condicionado nos corredores, já que o shopping é a céu aberto, e sem escadas rolantes. Com isso, garantimos que nossos lojistas consigam manter os preços baixos. Por isso digo que estamos entrando na era dos super-outlets. Outlets que têm cara de shopping centers. Além disso, posicionamos nossos outlets a uma distância de, no máximo, 100 quilômetros de regiões densamente povoadas. O que representa uma hora de carro. Assim, é possível ir e voltar em uma manhã, ou no máximo em um dia. No nosso primeiro outlet, localizado em Itupeva, criamos um verdadeiro distrito do turismo. Trazendo desenvolvimento, trabalho, prosperidade e muitos impostos também para as prefeituras locais. Nos tornamos um pedaço de Brasil que dá certo.

No passado, vários grupos, inclusive estrangeiros, tentaram importar esse modelo para o Brasil, mas fracassaram. Como vocês conseguiram deixar esse modelo viável?

Cesar: Os estrangeiros têm muitas vezes dificuldade para entender o mercado brasileiro. Não somente no varejo. Veja, por exemplo, o setor bancário. Nós pegamos o modelo americano de outlet e o tropicalizamos. Nosso grupo já tem uma longa experiência em loteamentos, na criação do primeiro polo turístico do Brasil e em outros empreendimentos. Juntamos isso a uma nova forma de gestão dos parceiros lojistas e obtivemos uma fórmula de sucesso. Diria que boa parte do segredo do negócio é o mercado imobiliário. É preciso ter inteligência imobiliária para escolher bem o terreno, saber trabalhar o local e viabilizar a obra. A parte imobiliária é vital para o sucesso do negócio, tanto quanto a operação.

Como funciona o relacionamento com os lojistas?

Nathália: Somos parceiros de negócios, e não apenas cobradores de aluguel. Isso é muito diferente, por exemplo, do que acontece na maioria dos shoppings. Temos um relacionamento constante com os lojistas. Ouvimos suas queixas e tentamos ajudá-los a melhorar. Por exemplo, monitoramos as entradas e saídas de lojas, a movimentação nos corredores, para entender as preferências dos clientes. Se algum lojista vem falar que está indo mal porque não está vendendo, mas o vizinho dele está indo bem, provavelmente será um problema de vitrine, de descontos, de variedade. Por isso, oferecemos uma assessoria que tenta ajudar os lojistas. Eles gostam, ganhamos juntos, e o outlet prospera. Temos uma visão do negócio como um todo. Não somos apenas enchedores de planilhas.

Novo Outlet Premium Imigrantes, o mais novo empreendimento do grupo, que conta no total com sete outlets | Foto: Divulgação

O recém-inaugurado Outlet São Paulo está localizado entre cidades do ABC paulista, com sérios problemas de desindustrialização. Como vocês encontraram a região?

Cesar: Estamos nos tornando uma alternativa ao fechamento das fábricas. Quando a planta da Ford, que fica lá perto, encerrou as atividades, cerca de 400 pessoas foram demitidas. O Outlet Paulista já emprega mais de 7 mil pessoas. Ou seja, estamos nos tornando um polo de geração de empregos muito superior à indústria tradicional. Além disso, estamos localizados perto de um bairro carente, onde não há muitos serviços públicos e privados. Por isso, decidimos dedicar um espaço do Outlet Paulista a uma farmácia, um banco, um pet shop, e outros comércios que faltavam para os moradores. E que um shopping pode oferecer. Estamos ajudando a melhorar a qualidade de vida naquela área e, ao mesmo tempo, ganhamos novos clientes. Em várias cidades onde abrimos nossos outlets, oferecemos o primeiro emprego para milhares de jovens. E nos tornamos os maiores pagadores de impostos das prefeituras.

Qual é o serviço mais importante que os outlets oferecem para os clientes?

Nathália: Sem dúvida, a segurança. Cerca de 80% das compras nos shoppings, inclusive masculinas, são feitas pelo público feminino. Além disso, nossos clientes têm, em média, R$ 12 mil de renda mensal. É um público que demanda segurança. Essa é nossa maior preocupação e nosso maior custo operacional. E não apenas evitar assaltos, mas também atropelamentos, ter certeza de que tudo funcione direito dentro e fora do outlet. Algo que o comércio de rua não consegue garantir.

Leia também “Na Austrália, a Selic já está em 13,5%”

2 comentários
  1. Laviera Dorneles Laurino
    Laviera Dorneles Laurino

    Não estou conseguindo acessar a matéria.

  2. Laviera Dorneles Laurino
    Laviera Dorneles Laurino

    Não estou conseguindo acessar a matéria.

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