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Foto: Shutterstock
Edição 216

No Banco do Nordeste, vale tudo para agradar a turma de José Guimarães

Caso as irregularidades sejam comprovadas, Marcel Alvarenga, apadrinhado do petista, pode ser responsabilizado por improbidade administrativa

Carlo Cauti
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A gestão petista do Banco do Nordeste está, mais uma vez, no olho do furacão. No dia 2 de agosto de 2023 o banco publicou um edital para renovar a licença da ferramenta de privacidade Onetrust, por um valor de R$ 2,7 milhões.

Entretanto, a mesma ferramenta tinha sido contratada pelo próprio banco três anos antes por valores muito menores. E o Grupo Camed, operadora que cuida da assistência médica dos funcionários do banco, controlada pelo Bando do Nordeste, contratou um produto muito parecido por apenas R$ 45 mil.

Quem assinou o documento foi Marcel Alvarenga, superintendente jurídico do Banco do Nordeste, e apadrinhado do deputado federal José Guimarães (PT-CE).

Tribunal de Contas alertou, mas não adiantou

No dia 21 de agosto, em uma reunião com auditores do Tribunal de Contas da União, foram apontadas irregularidades no certame. O contrato foi suspenso e ainda hoje encontra-se nessa condição.

Em outubro de 2023, a Superintendência de Auditoria questionou sobre o destino dessa contratação. E somente no começo de maio de 2024, quase seis meses depois, foi enviada uma resposta.

Todavia, caso as irregularidades sejam comprovadas, Alvarenga deveria ser responsabilizado, entre outras coisas, por improbidade administrativa. Algo que ninguém, especialmente em Brasília, quer que ocorra.

Procurado por Oeste, o banco informou que “até o momento” não houve registros de irregularidades sobre o pregão. E que “todos os seus processos de contratação de fornecedores são realizados à luz da legislação de regência”.

Deputado José Guimarães (PT-CE) | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Quem manda somos nós

Outro caso que está tirando o sono da alta cúpula do banco é o processo movido pelos funcionários contra a decisão de não mais utilizar a Camed para oferecer assistência médica aos empregados.

O Banco do Nordeste perdeu uma liminar e tem alta probabilidade de ser derrotado na ação, na qual a própria Camed é parte interessada.

Para tentar modificar essa condição, e eventualmente encontrar um acordo mais facilmente, o banco estaria pressionando o diretor-presidente da Camed, Agenor Trindade, para que se retire do processo.

Trindade foi nomeado pela gestão anterior, e seu cargo está na mira do PT e de seus homens dentro do Banco do Nordeste desde o ano passado.

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Inflação de alimentos não para de subir

A inflação dos alimentos continua muito mais elevada do que a inflação oficial (IPCA). E a alta dos preços parece não ter prazo para acabar.

Em abril, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou que o custo da cesta básica subiu em dez de 17 capitais brasileiras.

As maiores altas foram registradas nas capitais nordestinas, com Fortaleza no topo da lista, com aumento de 7,76%. A maior queda ocorreu em Brasília, com uma redução dos preços de -2,66%.

A alta dos preços parece não ter prazo para acabar | Foto: Shutterstock
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Mais impostos para Simples e MEI

Os programas Simples Nacional e Microeempreendedor Individual (MEI) entraram na mira do Leão.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recomendou na rede X um artigo do economista Bráulio Borges, no Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre, no qual se propõe o fim dos benefícios fiscais dos dois programas.

Poucas horas depois, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado começou a analisar um projeto de lei para rever o valor máximo de faturamento permitido para MEI, microempresas, e empresas de pequeno porte.

Hoje, esses limites são de R$ 81 mil, R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões, respectivamente.

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Seguro espacial

As seguradoras brasileiras arrecadaram mais de R$ 255 milhões nos últimos quatro anos com seguros para satélites.

Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), cinco satélites brasileiros que estão em órbita são cobertos por seguros. Além disso, existem apólices para os nanossatélites, que têm peso entre 1 e 10 quilos.

Os seguros cobrem os danos ocorridos no lançamento dos satélites e durante a vida em órbita, na base de renovações anuais. Em média, os satélites de comunicação, que correspondem a grande parte dos equipamentos brasileiros, têm uma vida útil de 15 anos.

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Braskem, agora vai?

A novela sobre o futuro da Braskem parece estar prestes a acabar. A Petrobras avalia comprar a participação da Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica, caso não haja um interessado.

A informação foi divulgada pelo CEO da empresa, Jean Paul Prates, que salientou que a Petrobras poderia buscar sozinha posteriormente um sócio para o ativo.

À venda, mas ninguém quer

A Novonor tenta vender, sem sucesso, sua fatia na petroquímica há algum tempo.

O fundo dos Emirados Árabes Unidos Adnoc tinha apresentado uma oferta não vinculante de R$ 10,5 bilhões, mas desistiu de seguir adiante com as negociações pela participação.

A Petrobras detém 36,1% do capital total da Braskem e 47% do capital votante da empresa, enquanto a Novonor detém participação de 50,1% no capital votante da Braskem e de 38,3% no capital total.

A novela sobre o futuro da Braskem parece estar prestes a acabar | Foto: Shutterstock
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Petróleo na bolsa

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) vai realizar leilões de óleo e gás nos próximos anos.

A partir de julho de 2024, a estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA), responsável por representar a União nos contratos de partilha de produção do pré-sal, vai comercializar petróleo na B3.

Os primeiros campos que serão comercializados serão os de Mero e Búzios, ambos na Bacia de Santos. O edital será lançado em maio.

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Enel vai melhorar, garante novo presidente

Após os acontecimentos de novembro de 2023, com a queda de centenas de árvores em São Paulo que provocou um longo apagão pela cidade e a falta de energia na região central, em março de 2024, a Enel decidiu enfrentar o problema de forma definitiva.

“Estamos trabalhando para que isso nunca mais ocorra. Vamos fornecer um serviço muito além do que está previsto pelo contrato. Faremos muito mais do que nossa obrigação”, explica a Oeste o italiano Antonio Scala, presidente da Enel no Brasil.

Scala chegou ao comando da elétrica no final de novembro, poucas semanas depois dos apagões. E na última quinta-feira, 9, anunciou a contratação de 1,2 mil novos profissionais.

“Nosso objetivo é melhorar a qualidade do serviço e diminuir o tempo de atendimento em casos de queda de energia. O plano é dobrar o número atual de colaboradores da área nos próximos 12 meses”, explica Scala.

O executivo também anunciou um plano de investimentos de R$ 6,2 bilhões até 2026 para fortalecer a rede elétrica de São Paulo. Confira os melhores trechos da entrevista.

A queda de centenas de árvores em São Paulo provoca a falta de energia | Foto: Reprodução/Enel
O que mudou e o que vai mudar na gestão da Enel em São Paulo?

Em primeiro lugar, queremos reconfirmar nosso compromisso como investidores internacionais no Brasil. Um dos principais países onde operamos como grupo. Em segundo lugar, vamos melhorar muito o serviço oferecido. Estamos trabalhando com contratos que têm já seus anos, e que indicam um nível de atendimento muito aquém do que os clientes esperam. E isso pode ter criado incompreensões. Repito, a Enel está respeitando os contratos com as autoridades locais, mas o que está escrito nos contratos não é o nível de fornecimento que os paulistanos querem. Por isso, a empresa irá além das cláusulas e vai investir para aumentar a qualidade do serviço, que vai ser mensurada. Por exemplo, o tempo médio de atendimento (TMA), que por sinal nem é um indicador previsto nos contratos, mas mede a qualidade percebida dos clientes, que para nós é muito importante.

Como os paulistanos vão perceber essa melhora?

Já estamos reduzindo em 50% o tempo médio de atendimento. E estamos com um plano estruturado dentro de nossa operação para chegar a um TMA ainda menor.

Existe risco de novos apagões?

Vamos trabalhar para evitar que isso ocorra novamente. Estamos atuando em três frentes. Primeiro, melhoria do plano de contingência, ou seja, como enfrentar um evento climático adverso. E isso já foi feito por meio da possibilidade de incrementar a capacidade operacional em até quatro vezes, aumentando a capacidade de atendimento de nossos centros. Também tentamos melhorar a comunicação proativa com os clientes, especialmente quando sabemos que eventos meteorológicos graves vão ocorrer. Além disso, estamos trabalhando na manutenção preventiva. E nesse âmbito está o plano de poda de árvores. Neste ano vamos dobrar o que fizemos no ano passado e realizar mais de 600 mil podas. O terceiro pilar é o plano de investimentos de cerca de R$ 2 bilhões por ano por três anos para melhorar a qualidade da rede. Vai levar mais um tempo, mas vai permitir que a rede se torne mais resiliente de forma estrutural.

A queda das árvores é de responsabilidade da prefeitura, mas a culpa do apagão recaiu sobre a Enel. Algo não funcionou na comunicação corporativa?

É necessário um trabalho de comunicação um pouco mais amplo. Para um serviço essencial como a energia elétrica, quando tudo funciona perfeitamente, o cliente esquece que o serviço existe. E se torna uma questão no momento em que surgem problemas. É algo intrínseco na natureza desse mercado. Quando ocorre um desserviço para o cliente, que é algo muito impactante, inevitavelmente a culpa recai sobre a empresa. E isso deixa mais difícil, e um pouco mais elaborado, comunicar o plano de melhoria que está sendo levado adiante. Nem sempre as ações que estamos levando adiante são percebidas imediatamente pelos clientes.

Nos últimos meses, a classe política foi muito agressiva em relação à Enel, com declarações até mesmo erradas tecnicamente, como no caso da revogação da concessão. Houve influência do clima eleitoral nessa questão?

O momento eleitoral cria sempre complicações. Mas permanece a questão fundamental: a gente saiu de um nível de qualidade que, mesmo respeitando o contrato, não era percebido como satisfatório, e agora vamos trabalhar para melhorar essa percepção. A combinação das duas coisas e a politização de alguns temas podem ter piorado a dinâmica.

Para um serviço essencial como a energia elétrica, quando tudo funciona perfeitamente, o cliente esquece que o serviço existe | Foto: Reprodução/Enel

Leia também “Madero em velocidade de cruzeiro”

6 comentários
  1. Alex Rodrigues dos Santos
    Alex Rodrigues dos Santos

    Não que alguém vá ler os comentários, mas estão de parabéns pelo jornalismo de qualidade!

  2. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    A corrupção impera na Braskem, não a toa pertence a dois quadros ilustres da corrupção nacional, Odebrecht e Petrobras.

  3. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Sou nordestino, mas este banco do nordeste é um antro de corrupção. Presidente Paulo Camara, ex governador de Pernambuco, e Jose Guimaraes mandando também, não tem como isto funcionar de maneira minimamente adequada.

  4. Edson Carlos de Almeida
    Edson Carlos de Almeida

    Para a ENEL ficar ruim , tem que melhorar muito, o serviço é péssimo .

  5. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Pra que banco estatal? Só pra roubar, não tem outro objetivo e com Zé Cuecão pelo meio…. Ah governo pra ter ladrão

  6. Olnei Pinto
    Olnei Pinto

    No Banco Nordeste foi reabilitada a velha raposa para cuidar do galinheiro . Imagina se o cofre não vai cair nos pés do cueca dólar .

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