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Sarney e Tancredo Neves comemoram a vitória nas eleições de 1985 | Foto: Wikimedia Commons
Edição 215

O baile da Nova República

A Nova República mostrou sua vocação para a eternidade. Tudo que este país tem de moderno estava lá, circulando e brindando nos salões e jardins do Sarney

Guilherme Fiuza
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A festa do Sarney reuniu a fina flor das flores finas. Tancredo não foi. Inclusive, o festão só pôde acontecer devido à ausência do Tancredo. Se ele aparecesse estragaria tudo.

Estavam lá todos aqueles que não estariam se Tancredo tivesse comparecido. Felizmente (para eles) um chamado do alto removeu o inconveniente e a festa pôde rolar solta, sem hora para acabar. Os vizinhos que durmam com um barulho desses.

A Nova República mostrou sua vocação para a eternidade. Tudo que este país tem de moderno estava lá, circulando e brindando nos salões e jardins do Sarney. Como diria Ivo Pitanguy a Vinicius de Moraes, não há superfície amarrotada que não possa ser esticada. Beleza é fundamental, bradou o companheiro Tutancâmon.

A ausência de Tancredo Neves foi a grande inspiração da noite. A sensação de liberdade do anfitrião e seus convidados sem aquela sombra inconveniente era contagiante. Com um bigode e um jaquetão se faz uma nação. É ou não é libertador?

Uma festa sem o constrangimento da bisbilhotice popular. Era o que Tancredo traria com ele: os intrusos do povo, que não sabem se comportar em ambientes chiques. A Nova República — que, como todos podem notar, continua nova em folha — acabou com esse embaraço. A festa é dos amigos do rei, e ponto final.

“Que rei sou eu?” — perguntou Cassiano Gabus Mendes em 1988, quando parecia que a festa estava para acabar. Eduardo Dussek respondeu: “Eu só sou rei porque o rei de lá morreu”. Mas o reinado longo se tornou eterno. O modelo do poder postiço agradou a muita gente — e gerou alianças imortais. Nascia o Airbnb palaciano.

“A solução é alugar o Brasil”, profetizou Raul Seixas, que morreu quando Sarney era presidente. Uns morrem, outros têm aluguel vitalício por aqui. Os inquilinos do Brasil sabem que o negócio é fazer cara de dono. Impõe respeito e já deixa claro que esse negócio de contrato é relativo. O DJ é meu e você dança conforme a música. Sobe o som, DJ!

Leia também “Quem é a Internacional Fascista?”

50 comentários
  1. Nerivaldo Carvalho dos Santos
    Nerivaldo Carvalho dos Santos

    Sai Sarnei entra Dino e o Maranhão continua o Estado mais Pobre do Brasil , agora se qualquer estrangeiro ver essa Festança com a nata dos politicos Brasileiros , vão pensar que os Maranhense tem agua tratada tem rede de esgoto tem escola de auto nivel e emprego de montão . Agora tem que culpar os Eleitores por que insistir nesses caras é gostar de MUITO DE SOFRER

  2. Pedro Henrique
    Pedro Henrique

    Isto é o Brazil!! Quanto mais lixo melhor para os ratos! Lastimável!

  3. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Minha dor é perceber que apesar de tudo o que fizemos ainda somos os mesmos.

  4. MTM
    MTM

    Sarney foi o PIOR governo de nossa História. Quando ele saiu, a inflação estava em 80% AO MÊS!

  5. Herbert Gomes Barca
    Herbert Gomes Barca

    boa Fiuza excelente artigo !
    “Uns morrem, outros tem aluguel vitalício por aqui ” sensacional !!! hahahahahá
    o Sarney não morre por que na verdade é o Moon Há!! ele tá aqui disfarçado de Sarney !

  6. Diana Rocha Capdeville
    Diana Rocha Capdeville

    Fiuza ativou minha memória! Quanta coisa já tinha esquecido. Esqueci mas tudo continua na mesmice…que canseira !

  7. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Porém, senhoras minhas! Inda tanto nos sobra, por este grandioso país, de doenças e insetos por cuidar!… Tudo vai num descalabro sem comedimento, estamos corroídos pelo morbo e pelos miriápodes! Em breve seremos novamente uma colónia da Inglaterra ou da América do Norte!…

  8. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    A formação étnica rica. O vatapá e a favela. País de dores anônimas, de doutores anônimos.

  9. Eduardo Figueiredo
    Eduardo Figueiredo

    O grande chefão do atraso e a eternidade do nossa sina

  10. EDUARDO SILINGARDI LOPES
    EDUARDO SILINGARDI LOPES

    OS HIPÓCRITAS E IMORAIS QUE ACHAM QUE ENGANAM O POVO COM MORAL E COM CARÁTER

  11. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Brasília foi erroneamente construída para isto, para criar uma casta de usurpadores de dinheiro público a solta banhada por whiskys e vinhos caros.

  12. Gilberto Henrique Fleury Guimaraes
    Gilberto Henrique Fleury Guimaraes

    me surprendo e accho tudo inacreditável.

  13. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Mamãe, não quero ser prefeito
    Pode ser que eu seja eleito
    E alguém pode querer me assasinar
    Eu não preciso ler jornais
    Mentir sozinho eu sou capaz
    Não quero ir de encontro ao azar
    Papai, não quero provar nada
    Eu já servi à pátria amada
    E todo mundo cobra a minha luz
    Oh, coitado, foi tão cedo
    Deus me livre, eu tenho medo
    Morrer dependurado numa cruz

  14. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Quantos inúteis juntos. Para que serve essa gente?

  15. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Torço pela primavera árabe brasileira

  16. João Luiz Bosso
    João Luiz Bosso

    A nata do chorume! Pra quem sabe…

  17. João Luiz Bosso
    João Luiz Bosso

    A nata do xorume!

  18. Oldair Dorigon Bianco
    Oldair Dorigon Bianco

    Há uma bomba nuclear caindo ali, seria uma benção.

  19. Arthur Verner
    Arthur Verner

    Como é que eu tava perdendo artigos como esse?! GRANDE Fiuza. Assinar a Revista Oeste vale cada centavo!

  20. Gilson Herz
    Gilson Herz

    Parabéns Fiuza. Infelizmente caminhamos para o fundo do poço, ou melhor, já estamos no fundo do poço faz tempo.

  21. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Brasileiros, começamos hoje a viver a Nova República.

    Deixemos para trás tudo o que nos separa e trabalhemos sem descanso para recuperar os anos perdidos na ilusão e no confronto estéril. Estou certo de que não nos faltará a benevolência de Deus.

    Entendamos a força sagrada deste momento, em que o povo retoma, solenemente, seu próprio destino.

    Juntemos as nossas mãos e unamos as nossas vozes para elevá-las à Pátria, no juramento comum de servi-la com as honras do sacrifício.

    1. Raceldon Valentim
      Raceldon Valentim

      Confesso que nos meus setenta anos de idade estou envergonhado por esses CRETINOS.

  22. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    El pueblo celebra con gran entusiasmo la Fiesta del Chivo el treinta de mayo. Mataron al Chivo.

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      Se nós, sombras, aqui os ofendemos,
      Saibam que nem tudo é como queremos:
      Pensem que vocês apenas dormiam
      Enquanto essas visões apareciam;

  23. jorge alves
    jorge alves

    FAMILIA SARNEY enterrou o estado do MARANHÃO e o DINO DA SILVA SAURO jogou a PÁ DE CAU e tchau queridos e queridas …..

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      Conclame os jovens de Atenas à festa,
      Desperte o espírito da alegria.
      Deixe a tristeza para os funerais,
      Essa fria presença não nos convém.

  24. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Assistam, no Youtube, “Maranhão 66”, curta de Glauber Rocha.

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      Os mortais não têm mais festas de inverno,
      Nem a noite a redenção dos cânticos.

  25. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Vejam só que festa de arromba
    Noutro dia eu fui parar
    Presentes no local, o rádio e a televisão
    Cinema, mil jornais, muita gente, confusão

    Quase não consigo na entrada chegar
    Pois a multidão estava de amargar
    Hey, hey (hey, hey), que onda
    Que festa de arromba

    Logo que eu cheguei, notei
    Ronnie Cord com um copo na mão
    Enquanto Prini Lorez bancava o anfitrião
    Apresentando a todo mundo Meire Pavão

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      O Rei fará aqui à noite sua festa,
      Faça com que a Rainha não seja vista

  26. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    No dedo um falso brilhante
    Brincos iguais ao colar
    E a ponta de um torturante
    Band-Aid no calcanhar

    Eu hoje, me embriagando
    De whisky com guaraná
    Ouvi tua voz murmurando
    São dois pra lá
    Dois pra cá

  27. Maria das Graças Vargas Boëchat da Silva
    Maria das Graças Vargas Boëchat da Silva

    Uma exposição do lixo luxuoso, escondido embaixo do manto negro da hipocrisia.

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      Casa Grande de primeira,

  28. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    O jornal “Estadão”, nos anos 1980, chamava Brasília-DF de “A Ilha da Fantasia”, nome de um programa de TV da época.

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      E as festas na Casa da Dinda?

  29. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Nos dias antes do dilúvio, o povo seguia sua rotina de banquetes, festas e casamentos, até o dia em que Noé entrou na arca. Não perceberam o que estava para acontecer até que veio o dilúvio e levou todos.

  30. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    O pai dos pobres não estava na festa de arromba.

  31. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Corta-me o coração ver aquelas duas meninas inocentes naquele meio.

  32. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    E la nave va. E o vento levou. Ópera do Malandro mais atual que nunca. Nunca tantos sentiram tanta raiva de tão poucos.

  33. RODRIGO DE SOUZA COSTA
    RODRIGO DE SOUZA COSTA

    Talvez o dia em que o cidadão brasileiro foi mais humilhado na história desse país. Logicamente, os sectários de pouca inteligência e muita ideologia estão pensando em como justificar esse assombro.

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      boa

  34. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Eu fui fazer um samba em homenagem
    À nata da malandragem
    Que conheço de outros carnavais

    Eu fui à Lapa e perdi a viagem
    Que aquela tal malandragem
    Não existe mais

    Agora já não é normal
    O que dá de malandro regular, profissional
    Malandro com aparato de malandro oficial
    Malandro candidato a malandro federal
    Malandro com retrato na coluna social
    Malandro com contrato, com gravata e capital
    Que nunca se dá mal
    Mas o malandro pra valer
    Não espalha
    Aposentou a navalha
    Tem mulher e filho e tralha e tal
    Dizem as más línguas que ele até trabalha
    Mora lá longe e chacoalha
    Num trem da Central

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      Bailam corujas e pirilampos
      Entre os sacis e as fadas
      E lá no fundo azul, na noite da floresta
      A lua iluminou a dança, a roda, a festa

  35. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    A “República Velha” durou 38 anos e onze meses. A “Nova República” já emplacou 39 anos.

  36. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    “A Ceia dos Acusados”. Quem encomendou a morte do doutor Tancredo? Podem confessar, o crime já prescreveu.

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      Levantou um almofadinha
      Falou pro dono, eu não tenho fé
      Quando um caboclo que não se enxerga
      Num lugar deste vem pôr os pés
      Senhor que é o dono da casa
      Não deixe entrar um homem qualquer

  37. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Senhora dona do Baile. O Baile das Solteironas. O Baile da Ilha Fiscal. A doce vida. Não é verdade que o que aqui se faz, aqui se paga. Todos os homens do Presidente. Política, o único emprego em que não se aposenta. A ceia dos acusados. 12 homens e uma sentença. Como fazer amigos e comprar pessoas. O bom filho à casa paterna torna. Confesso que vivi. A um passo da eternidade. Delfim Netto fez 96 anos em 1 de maio e ninguém se lembrou.

  38. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Está longe ainda o tempo dos pretos serem incluídos na altas rodas.

  39. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    Espero que seja o Baile da Ilha Fiscal II. Vai entrar para a História do Brazil. Tem o vídeo com excelente narração e texto chamando de Festa da Democracia, a claque que na tribuna e na imprensa fingem que são rivais.

    1. Paulo César de Castro Silveira
      Paulo César de Castro Silveira

      E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem teus irmãos, nem os teus parentes nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado.  Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos.

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