Para o famoso historiador Niall Ferguson, uma eventual nova Presidência de Donald Trump não representaria um risco para a democracia dos Estados Unidos.
“Acho que todos esses argumentos de que Donald Trump iria acabar com a democracia e estabelecer algum tipo de fascismo norte-americano explodiram por causa da forma como foi seu primeiro mandato. Lembre-se, todas essas coisas foram ditas em 2016, que Trump seria um tirano”, declarou Ferguson nesta sexta-feira, 6, durante o Ambrosetti Forum, uma conferência econômica anual realizada na Itália.
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Para o historiador, os eleitores dos EUA agora veriam as alegações democratas de que Trump ameaça a democracia como menos convincentes do que antes, principalmente porque eles já vivenciaram uma Presidência de Trump, e a democracia não acabou.
Todavia, Ferguson salienta que “a grande fraqueza de Trump” foi sua conduta durante os acontecimentos do dia 6 de janeiro de 2021.
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“Ele tentou anular o resultado da eleição de 2020, pensei que isso fosse o fim de sua carreira política. Eu estava completamente errado, ele está de volta”, continuou Ferguson.
Segundo o historiador, “o sistema conteve os impulsos de Trump em 2020 e 2021 com sucesso, e acho que os conteria novamente se ele fosse a primeira pessoa desde Grover Cleveland a ter dois mandatos não consecutivos como presidente”.
Kamala Harris terá dificuldades em enfrentar Trump
Para Ferguson, a candidata presidencial democrata, Kamala Harris, terá dificuldades com o fato de ter sido vice-presidente de Joe Biden.
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Segundo ele, isso ocorreu porque, embora a economia dos EUA tenha continuado a crescer fortemente, muitos eleitores estão insatisfeitos com a alta inflação e com o aumento da imigração legal e ilegal nos últimos anos.
Sobre as consequências econômicas da próxima votação, Ferguson disse que as diferenças significativas entre Trump e Harris eram suas propostas políticas sobre tributação e regulamentação.
Quem vencer a eleição de novembro estará lidando com um enorme “problema fiscal”, continuou Ferguson, ao descrever o tamanho do déficit dos EUA como em uma “situação de insustentabilidade”.
“Trump não vai lidar com isso aumentando impostos diretos. Acho que Harris lidaria com isso aumentando impostos. O argumento de Trump é ‘eu posso lidar com isso aumentando a taxa de crescimento’. E ele tem, em certo sentido, um argumento a fazer aí, porque a economia sob Trump teve um bom desempenho no sentido de que ela cresceu, e não foi inflacionária”, disse Ferguson.