A Câmara Brasileira do Livro (CBL), responsável pelo prêmio Jabuti, desclassificou o livro Frankestein do Clube de Literatura Clássica da disputa de melhor ilustração do ano, porque a obra foi feita com ajuda da inteligência artificial (IA).
O designer semifinalista, Vicente Pessôa, usou ferramentas de IA para criar cerca de 50 artes que ilustram a nova edição do livro de Mary Shelley.
“As regras da premiação estabelecem que casos não previstos no regulamento sejam deliberados pela curadoria”, disse a CBL ao jornal Folha de S.Paulo. “E a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras.”
Designer disse que o uso de IA em Frankestein foi divulgado pelo clube do livro
A Câmara Brasileira do Livro ainda disse que o uso da inteligência artificial será objeto de discussão “em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais” para as próximas edições.
Os ilustradores André Neves, Bruna Ximenes, Cris Eich, Daniel Kondo, Fayga Ostrower, Fran Matsumoto, Letícia Lopes, Odilon Moraes e Rogério Coelho continuam na disputa.
O designer Pêssoa disse que não ressaltou à competição que usou IA para a confecção do livro porque não lhe foi perguntado. Ele disse que o uso da inteligência artificial foi amplamente divulgado no lançamento da edição no ano passado.
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Pêssoa e José Lima, gerente editorial do Clube de Literatura Clássica, fizeram uma live de uma hora e meia no canal da editora no YouTube para falar do processo tecnológico da versão final do livro.
A live também foi divulgada no Instagram. A ferramenta de IA usada foi o Midjourney. Baptistão, um ilustrador jurado do prêmio, disse que “não teria selecionado o livro se tivesse essa informação” sobre o uso da IA.