Terminou a corrida municipal e já começa o aquecimento para a eleição presidencial, o que é indício de que o atual governo não vai bem. Consolidou-se no segundo turno municipal a força da centro-direita, que se espalhou pelos municípios brasileiros no primeiro. A esquerda encolhe; o símbolo do PT se torna uma estrela cadente. O partido nem sequer teve candidato para a prefeitura de São Paulo, onde foi criado, tendo que apoiar o candidato do Psol, sigla que não elegeu prefeito algum. Dos 39 municípios da grande São Paulo, região de operários e berço de sindicatos, o PT ficou com apenas uma prefeitura, tal como o PDT e o PSB. Lula nem foi a São Bernardo votar, e a alegação oficial foi a de que já não é obrigado, pelos 78 anos de idade; seria melhor ter assumido o motivo real — o risco de voar com hematoma intracraniano.
O segundo turno mostrou quase empate em Fortaleza, Pelotas e Ribeirão Preto — onde a diferença foi de 687 votos. Casos em que normalmente um lado pede recontagem manual dos votos, mas hoje isso não é possível, deixando dúvidas eternas. Em 2022, foi Lula 50,9% x Bolsonaro 49,1%. Em Camaçari, Campo Grande, Olinda e Caxias do Sul, o resultado foi parecido: um apertado 51% a 49%. No primeiro turno, todos os eleitos em capitais já eram prefeitos; no segundo, repetiu-se o favoritismo de quem já detinha o Executivo municipal em Palmas, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. Partidos mais à esquerda, como PSTU, PCB, PCO, além do Psol, não elegeram prefeito algum, assim como ficaram fora de prefeituras de capitais o PSDB, o PDT, o PCO e o Cidadania (ex-PCB). O PT ficou só com Fortaleza e está em nono lugar em prefeituras.
Curitiba mostrou que é possível uma pessoa sem fundo partidário, sem dinheiro, boicotada pela mídia e, na prática, candidata avulsa chegar ao segundo turno com 43% dos votos válidos. Cristina Graeml disputou com o vice-prefeito Eduardo Pimentel — apoiado pelo prefeito Greca, pelo governador Ratinho Júnior e pelo ex-governador e seu avô, Paulo Pimentel — e chamou a atenção nacional pela determinação e coragem, como candidata saída de aspirações populares, e não de diretórios partidários e acertos políticos. Na prática, uma candidata avulsa. Não foi eleita, mas é vitoriosa.
Na maior eleição, São Paulo, também surgiu um personagem sem biografia partidária: Pablo Marçal, que quase foi para o segundo turno, insistiu em participar da decisão, e aí se perdeu. Acabou dando palanque a um dos candidatos, e deixou à mostra o objetivo de se promover; cometeu erros de tática e estratégia e acabou perdendo o que conquistara. Em Goiânia, o governador Caiado mostrou força para 2026, depois que seu candidato derrotou o de Bolsonaro e do deputado Gustavo Gayer. Este, abalado pela visita da Polícia Federal, atribuiu a derrota a Caiado e o chamou de “canalha” nas redes. Houve troca de farpas entre Caiado e o casal Bolsonaro e Michelle.
A reação emocional esquece que, se a centro-direita se dividir, abre espaço para a esquerda em 2026. O pragmatismo de Tarcísio — com Republicanos, PSD e MDB — deixa lições, pois dividir a centro-direita será o objetivo da esquerda neste pré-2026, se, por sua vez, o PT tiver resolvido seus próprios rachas.
O vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, disse que escolher Boulos como candidato foi um erro. E o articulador político do governo, Alexandre Padilha, após avaliação com Lula, fez gozação com a fraqueza eleitoral do partido. Que, segundo ele, não saiu da zona de rebaixamento. A presidente do PT respondeu nas redes sociais que Padilha deveria cuidar do seu trabalho, que, segundo ela, prejudicou o PT. As relações entre Gleisi e o Palácio do Planalto parecem estar na mesma temperatura do contato Bolsonaro-Caiado. Além disso, o apoio de Lula a adversários do MDB gerou vetos ao presidente e ao PT por parte de prefeitos eleitos, como os de São Paulo e Porto Alegre. Pelo que disse o ex-presidente Temer, após esta eleição, o MDB vai tomar rumo contrário ao da esquerda. O novo objetivo já é 2026.
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Sempre certeiro, Alexandre. Apenas na versão em áudio, parece que o início se repete.
O mais importante é fazer eleição com voto auditável, não deve ter pressa para resultado, a posse é dois meses depois. Vamos seguir a constituição sem se afastar 1 mm
EXCELENTE ANALISE !!!
NÃO PODEMOS ESQUECER DAS URNA ELETRONICA DO STF !!!!
QUEREMOS O COMPROVANTE DO VOTO, NADA OBSCURO COM DIZ A ” NOSSA CONSTITUIÇÃO “.
ACREDITO QUE O STF NECESSITA DE UMA AULA DE CONSTITUIÇÃO E DE DEMOCRACIA, VEJAM PELO SEUS PRONUNCIAMENTOS, POIS DEIXAM A CONSTUIÇÃO “AO RELENTO” QUANDO DEVERIAM PROTEGE-LA !!!!!
Esta é a maquininha que não elege quem o povo realmente vota.
Cristina Graeml fez um segundo turno vergonhoso, de ataques, de desconhecimento e de descontrole emocional completo, teve coragem de atacar até a falecida mãe do adversário vencedor. A ânsia pelo poder lhe cegou o bom senso e a educação, ainda bem que Curitiba despertou a tempo e lhe impôs uma derrota avassaladora, com mais de 15 pontos percentuais atrás. Boa sorte ao prefeito eleito Eduardo Pimentel!
Lula não foi votar porque é mais eficaz ficar em Brasília, nas salinhas do TSE, tal qual fez seu comparsa Rodrigo Pacheco. Camaçari BA e Fortaleza CE, ao final, na mesma tática dos 50% + 1.
Alexandre, com o VOTO IMPRESSO implantado em todas as urnas, além de AUDITAR por amostragem de urnas sorteadas, poderia eliminar a duvida dos resultados de “quase empate” que você observou. A proposito gostaria que você nos proporcionasse um artigo com as decisões do STF em 2020, para condenar o VOTO IMPRESSO, que encontrei no CONSULTOR JURIDICO de 16/09/20. “Supremo confirma liminar e declara inconstitucional a volta do VOTO IMPRESSO”.
Lá encontramos o “iluminado” Barroso, declarando inconstitucionalidade por alguns motivos como: ” A determinação de impressão de registro do voto gera ALTO IMPACTO FINANCEIRO, estimado em mais de um bilhão e oitocentos milhões de reais. Ou ainda, “O argumento de acordo com o qual a impressão de registro do voto viola o principio da PROPORCIONALIDADE , seja porque há meios MENOS CUSTOSOS para garantir a HIGIDEZ da votação eletrônica, seja porque os PREJUÍZOS que decorrem desse modelo superam – e muito – os BENEFÍCIOS”.
Já Alexandre de Moraes, encontramos ” De fato, como consignei no voto que proferi em sede de análise do pedido cautelar, o dispositivo impugnado, nos moldes em que redigido, representa um inadmissível RETROCESSO nos avanços que o Brasil tem realizado para garantir eleições realmente livres, na medida em que não mantém o padrão de segurança até então conquistado, trazendo riscos à sigilosidade do voto e representado verdadeira ameaça à livre escolha do eleitor, em virtude da potencialidade de identificação”.
Fica difícil entender essa inconstitucionalidade, já que o VOTO IMPRESSO não é manuseado pelo eleitor e vai diretamente para URNA LACRADA que servira para AUDITAR e se necessário APURAR estreitos resultados. Se encontradas diferenças, vale a APURAÇÃO do VOTO IMPRESSO.
Já Gilmar Mendes surpreendentemente pondera, “Não vejo o principio do não retrocesso como fundamento para pronunciar a INCONSTITUCIONALIDADE da norma”. “De qualquer forma, tenho que o objetivo do legislador não foi criar AUDITORIA. Seu propósito parece limitar-se à adição de CONFIABILIDADE ao sistema, especialmente por parte do eleitor, que vê seu voto sendo registrado”. “A proporcionalidade dos custos precisa passar por uma avaliação mais concreta das consequências da implantação da Lei, as quais não podem ser simplesmente IMAGINADAS. É necessário o teste de impressão do registro, em eleições verdadeiras, para que o quadro seja desenhado”.
Enfim Alexandre muitas baboseiras para dizer que o VOTO IMPRESSO é INCONSTITUCIONAL porque viola o sigilo e a liberdade do voto, e quando a CCJ da CÂMARA FEDERAL aprimorou na PEC do VOTO IMPRESSO EM 2021, sofreu grave interferência do ministro Barroso para derruba-la.
Que vergonha, Oeste.
Parece que só tem estagiário na redação.
Nunca tinha visto coisa igual.
Lamentável!!!
O MDB posicionando-se à direita é bom para a direita, mas é muito melhor para ele próprio. A esquerda está em fase de extinção no Brasil, graças à Deus e à própria incompetência e desonestidade. Que morra a esquerda.