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Ilustração: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Edição 199

Voa, Brasil?

Programa de passagens baratas já foi anunciado no passado, mas ainda não saiu do papel por falta de recursos para bancar o populismo aéreo

Carlo Cauti
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O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou que o programa Voa Brasil — que promete passagens aéreas a R$ 200 por trecho — vai ser lançado até o começo de fevereiro.

O programa foi anunciado pelo antecessor na pasta, Márcio França, em março de 2023. Depois foi prometido para agosto. Na sequência, esperado para o final do ano passado. Até que o próprio França foi demitido do ministério para deixar a poltrona para o centrão. Sem lançar o Voa Brasil.

Aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e bolsistas do Programa Universidade para Todos (Prouni), cerca de 21 milhões de pessoas, deveriam ter sido os primeiros beneficiados pelo programa. Em 2023, a movimentação em aeroportos brasileiros chegou a 100 milhões de passageiros.

Anúncios retumbantes, mas e a grana?

O que ainda não está claro é de onde esses recursos virão. Não foi sequer apresentada uma previsão de quanto o Voa Brasil custará.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a tarifa média de passagens aéreas entre janeiro e setembro de 2023 foi de R$ 602,74. No mês de setembro, o ticket médio foi de R$ 747,66 — o maior valor dos últimos 14 anos.

Foto: Denis Belitsky/Shutterstock
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Chamem o BNDES!

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderia ser utilizado pelo governo para financiar o Voa Brasil.

O banco público de fomento está estudando empréstimos às companhias aéreas do Brasil como parte de um plano do governo destinado a aliviar as pressões financeiras sobre as empresas Gol, Azul e outras transportadoras, apontadas como causadoras dos aumentos recentes das tarifas.

Outra ideia é transformar um fundo público de aviação em um fundo de garantia, o que exigiria a aprovação do Congresso.

Azul e Gol precisam de aproximadamente R$ 4 bilhões, mas o BNDES provavelmente não fornecerá o valor total, devido à quantidade de garantias que as companhias aéreas teriam de oferecer.

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Petrobras vai investir na margem, e ponto final

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, voltou a defender a prospecção de petróleo em “novas fronteiras”, como a Margem Equatorial, a Bacia da Foz do Amazonas e a Bacia de Pelotas, na costa do Rio Grande do Sul.

Em uma postagem no X, antigo Twitter, Prates afirmou que a Petrobras está avançando com novos projetos de exploração e produção também nessas regiões. Para o executivo, a extração de petróleo por ali é uma forma de garantir as reservas futuras do Brasil.

O STF reconhece oficialmente a validade do acordo coletivo de trabalho firmado entre Petrobras e sindicatos | Foto: Divulgação/Agência Petrobras
O STF reconhece oficialmente a validade do acordo coletivo de trabalho firmado entre Petrobras e sindicatos | Foto: Divulgação/Agência Petrobras
Não usarás o nome em vão

A Petrobras quer tirar seu nome dos postos da Vibra. A estatal anunciou que não renovará a licença de marcas para a empresa, antiga BR Distribuidora, que foi privatizada em 2019.

O contrato vigente permite que a Vibra utilize as marcas Petrobras e BR em seus postos de gasolina. Ele será encerrado em junho de 2029, mas ainda prevê um período de transição de seis anos a partir dessa data. Para o mercado, equivale a uma era geológica.

Por isso, a Bolsa de Valores nem se abalou demais. Ao contrário, no mesmo dia do anúncio, as ações da Vibra acabaram o dia em alta; e as da Petrobras, em queda.

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A retirada das poupanças

A caderneta de poupança fechou 2023 no vermelho. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC), a saída líquida de recursos foi de R$ 87,819 bilhões. Somente dois meses do ano, junho e dezembro, tiveram entradas líquidas.

Esse foi o segundo pior resultado da série histórica, iniciada em 1995. Apenas em 2022 esse rombo tinha sido maior, de R$ 103,237 bilhões.

economia
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
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Previdência privada não para

O mercado de planos de previdência privada aberta continua crescendo no Brasil.

Segundo o último relatório produzido pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), entre janeiro e novembro de 2023 os depósitos realizados nesses planos totalizaram R$ 153 bilhões.

Descontados os resgates do mesmo período, que somaram R$ 116,9 bilhões, o resultado final é de R$ 36,1 bilhões em captação líquida. Uma alta de 22,1% em relação aos 11 primeiros meses do ano passado.

Os ativos em previdência privada também aumentaram e atualmente estão em R$ 1,4 trilhão, uma expansão de 13,6% em relação a novembro de 2022.

Segundo a Fenaprevi, mais de 11 milhões de pessoas possuem planos de previdência privada no Brasil, sendo cerca de 62% do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).

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Bolsa de investimentos

Os leilões realizados na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) em 2023 geraram mais de R$ 100 bilhões em investimentos para 19 Estados brasileiros. No total, foram 38 leilões de 48 ativos, que foram vendidos ou concedidos à inciativa privada.

O Estado do Paraná foi o mais participativo, com sete leilões e mais de R$ 21 bilhões em investimentos, seguido por São Paulo, com seis leilões e mais de R$ 6 bilhões investidos.

O grande destaque foi o maior leilão de linhas de transmissão da história do país, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Bolsa de Valores de São Paulo (B3) | Foto: Shutterstock
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Nem inflação ajuda Orçamento de 2024 

O resultado da inflação em 2023 veio abaixo do estimado pela equipe econômica do governo na proposta de Orçamento deste ano. Os preços subiram 4,62%, ante uma alta prevista de 4,85%.

Segundo o Ministério, isso significa que o limite de despesas do governo neste ano ficará menor que o estabelecido na proposta orçamentária de 2024.

Com isso, o Executivo poderá ser obrigado a cortar R$ 4,4 bilhões para cumprir as regras do arcabouço fiscal. Decisão que será tomada em março, quando poderá ser anunciado um contingenciamento.

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Conta-corrente do Brasil no negativo. De novo

Segundo o Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), o déficit de conta-corrente do Brasil em 2024 vai fechar no negativo, em 1,4% do PIB. Um resultado pior em relação a 2023, quando esse rombo foi de 1,2% do PIB.

Entretanto, segundo os pesquisadores da Fundação Getulio Vargas, esse passivo é gerenciável, pois a economia brasileira vai continuar acumulando saldos positivos na balança comercial.

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Lá vêm mais carros elétricos

A montadora chinesa de carros elétricos BYD anunciou que vai lançar no Brasil uma nova versão do Dolphin em fevereiro. O novo Mini Dolphin será uma opção de entrada para o carro elétrico mais vendido do Brasil.

Esse veículo já é produzido na China com o nome de Seagull e deverá ser fabricado no Brasil na futura planta de Camaçari, na Bahia.

Jolin Zhang, diretora da BYD nas Américas, informou que a empresa vai produzir na fábrica brasileira todos os veículos comercializados nacionalmente.

BYD Dolphin Mini será lançado em 2024 | Foto: BYD/Divulgação
Foto: BYD/Divulgação
Foto: BYD/Divulgação
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Brasileiros cada vez mais cripto

O número de cidadãos brasileiros que investem em criptomoedas aumentou 22 vezes nos últimos quatro anos.

Segundo dados da Receita Federal, 4,1 milhões de contribuintes relataram realizar operações com ativos digitais em julho deste ano. Um número considerável, já que a quantidade de investidores na B3 chega a 6,2 milhões.

Esse número, entretanto, pode estar subestimado. Segundo uma pesquisa do Mercado Bitcoin divulgada em agosto 2023, mais de 10 milhões de brasileiros investiriam em criptoativos.

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O que falta para liberalizar os cassinos no Brasil?

O mercado de apostas esportivas e de cassinos on-line vai faturar mais de R$ 100 bilhões nos próximos três anos com a entrada em vigor da lei que regulamenta o segmento.

Os dados foram divulgados pela Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp) e pelo Instituto de Desenvolvimento, Turismo, Cultura, Esporte e Meio Ambiente (IDT-Cema).

Segundo o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, já passou da hora de autorizar a abertura de cassinos físicos no Brasil. “Até o dia 30 de abril de 1946, os cassinos eram legais no Brasil. Só que o presidente Eurico Gaspar Dutra decidiu proibi-los, e aquela lei vale até hoje”, explica Pinto em entrevista a Oeste.

Para o executivo, a liberalização de cassinos no Brasil poderia movimentar a área de turismo, criar novos hotéis, gerar empregos, renda e impostos. Confira.

Por que não se volta a liberalizar os cassinos no Brasil?

Existe uma resistência por parte da bancada conservadora no Congresso. Eles argumentam que isso facilitaria lavagem de dinheiro, prostituição, tráfico de drogas e outros crimes. Além de incentivar um vício. Mas isso não faz sentido, pois no mundo inteiro os jogos são explorados, e outros países encontraram fórmulas para evitar ou conter crimes. Será que no Brasil somos incompetentes a ponto de não sabermos como contrastar crimes? Nós acreditamos que não. No caso do vício, o brasileiro não tem nenhuma condição de inferioridade cognitiva em relação ao resto do mundo. Então, por que lá fora pode-se jogar em cassino; e aqui dentro, não?

Foto: Adem Ayaz/Shutterstock
Mas faz sentido abrir cassinos físicos em um mundo cada vez mais digitalizado, onde há cassinos on-line?

De fato, os cassinos tradicionais estão perdendo espaço para as apostas on-line no mundo todo. Mas sempre vai haver espaço para o glamour desse tipo de experiência. Por isso a designação correta deveria ser “turismo de cassino”. As pessoas viajam pelo mundo se hospedando em hotéis que têm cassinos. Escolhem as cidades onde há cassinos. Essa seria a ideia.

Em qual modelo vocês estão pensando para o Brasil?

O modelo brasileiro seria o de cassinos integrados a resorts. Os resorts teriam espaços gastronômicos, arenas de eventos, e também cassinos. Isso tudo movimentaria o mercado de turismo como um todo. Seria autorizado um equipamento desses em cada Estado. Em São Paulo, seriam autorizados três resorts com cassinos, por causa do volume populacional. O Projeto de Lei nº 441/1991, que regulamenta os jogos dos cassinos físicos, apoiados por nossa federação, está bem adiantado nas Casas legislativas.

Teremos cidades brasileiras que se tornarão famosas pelos cassinos?

Atlantic City e Las Vegas são exemplos de cidades que se desenvolveram como centros de cassinos, assim como Macau, que é a cidade que mais cresce no mundo. Outro caso é Mônaco, onde mais de 50% das receitas estão ligadas aos proventos do jogo. Mas vale também para a América do Sul, como acontece no Uruguai. É por isso que, se não regulamentar esse tipo de atividades amplamente difundidas no mundo, o Brasil vai perder recursos. As pessoas vão continuar jogando, vão para cassinos clandestinos ou para o Uruguai. Se o Brasil quisesse disputar em igualdade em diversos setores, nesse também deveria competir.

Quanto vocês calculam que seria a arrecadação adicional de impostos pelo Estado?

É difícil dizer, mas estamos falando de bilhões de reais. No caso das apostas on-line, a receita para os cofres públicos será de, pelo menos, R$ 12 bilhões. Estamos falando de algo próximo a essa ordem de valores. A bancada governista já entendeu que é um bom negócio. Tanto que a regulamentação das apostas on-line já passou.

Foto: Shutterstock

Leia também “Haddad quer ‘prender’ o dólar”

3 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    O que baixa preço de passagem é mercado competitivo e aberto a concorrência. Com 3 empresas somente de abrangência (Gol, Azul e Latam), não se consegue isso.
    E a questão de cassinos físicos é uma boa, para movimentar o turismo. Mas só quando tiver um governo federal decente. Com este atual, tudo se desconfia.

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Esse ministro de portos e aeroportos é um ladrão ele e o pai, babão de Lula, e isso é um ministério inventado que não serve pra nada. Ele foi secretário de cultura de Pernambuco e o MP do estado descobriu uma empresa fantasma a qual ele pagou 4,5 milhões para promoção de eventos artísticos. Ele saiu com uma corja de ladrão para o ministério público e justiça pra denunciar, fazendo a população de palhaço, se ele era o próprio ladrão.

  3. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Cauti mais um excelente artigo, focado na economia do Brasil e nas suas possibilidades. Todos sofremos no ano de 2023,parece que também será em 2024.Classe média pagando impostos para manter a máquina pública e cortando despesas para não entrar na inadimplência. Nunca vi qualquer país do mundo pagar despesas aéreas para população, deve ser uma tentativa fracassada para atenuar as frequentes viagens de Lula- Janja pelo mundo.Esse governo deixa o país literalmente no vermelho. Não apresentou nada de positivo no ano passado,vai continuar gastando e esbanjando o dinheiro que não lhe pertence,falência .

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