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Reunião ampliada com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, em Riad, na Arábia Saudita (28/11/2023) | Foto: Ricardo Stuckert/PR
Edição 193

Negócio das Arábias

Enquanto isso, o agronegócio continua aguardando um sinal de boa vontade do governo federal

Carlo Cauti
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A JBS está avaliando investimentos na Arábia Saudita. Wesley Batista, ex-CEO da maior produtora de proteína animal do mundo, anunciou que a empresa poderá se instalar no país árabe, atualmente a maior economia do Oriente Médio. 

A informação foi divulgada durante o Fórum Empresarial Arábia Saudita-Brasil, em Riad, capital saudita, sobre oportunidades de investimento entre os dois países, promovido pelo governo brasileiro.

Entre os participantes estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e ministros. 

We really need to see more picanhas in Saudi Arabia” (“precisamos mesmo ver mais picanhas na Arábia Saudita”), declarou na ocasião o diplomata saudita Abdulrahman T. Bakir. 

Naquele país, a JBS já opera uma unidade de processamento de carne de frango na cidade de Dammam, com capacidade para produzir 10 mil toneladas por ano. E está construindo uma segunda unidade na cidade de Jeddah, após um investimento de US$ 50 milhões, com previsão de lançamento em 2024.

A concorrente BRF já está bem fincada na Arábia após a criação, no final do ano passado, da joint venture com a Halal Products Development Company (HPDC), subsidiária do Public Investment Fund (PIF), fundo soberano da Arábia Saudita.

Sessão de abertura do Fórum Econômico Brasil-Catar: Oportunidades e Negócios, em Doha, no Catar (30/11/2023) | Foto: Ricardo Stuckert/PR
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A Petrobras também está prestes a entrar no mercado saudita. O presidente da estatal petrolífera, Jean Paul Prates, informou que as negociações sobre uma eventual parceria estão “avançando com nossos colegas sauditas, para garantir que possamos trabalhar conjuntamente em projetos de segurança, acessibilidade e sustentabilidade energética”.

Prates participou também do Fórum de Riad. Uma das ideias do governo brasileiro é uma parceria entre a Petrobras e os sauditas na área de fertilizantes. 

A Petrobras possui quatro fábricas de fertilizantes, sendo uma em construção em Três Lagoas (MS), a UFN III, que chegou a ter a venda anunciada para o grupo russo Acron. Outras duas unidades arrendadas (Fafen-BA e Fafen-SE) e uma hibernada (Fafen-PR) foram criadas entre 2019 e 2020. 

Prates já deixou claro que quer retomar todas as unidades, mas para isso precisará de investimentos bilionários. 

O presidente da Petrobras já esteve na Arábia Saudita no final de outubro e discutiu possíveis parcerias com o ministro de Energia local, príncipe Abdulaziz bin Salman Al Saud.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, acompanhado do emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, durante cerimônia oficial de chegada em Amiri Diwan, em Doha, no Catar (30/11/2023) | Foto: Ricardo Stuckert/PR
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A Embraer e a SAMI, estatal de produção militar da Arábia Saudita, assinaram nesta semana um Memorando de Entendimento para estabelecer uma cooperação em suas respectivas indústrias aeroespaciais, principalmente nos setores de defesa e segurança. 

O acordo tem como objetivo expandir a presença de ambas as empresas na Arábia Saudita, principalmente na promoção do cargueiro C-390 Millennium, fornecendo apoio ao Ministério da Defesa do país árabe. 

Além disso, as duas empresas trabalharão em conjunto para expandir a capacidade de manutenção abrangente para as aeronaves da Embraer.

Luiz Inácio Lula da Silva, durante a abertura do Seminário Embraer, no Hotel Ritz-Carlton, em Riad, na Arábia Saudita (29/11/2023) | Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Boa vontade com o agro

Para o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Caio Carvalho, o setor do agro está aguardando um sinal de boa vontade do governo federal.

“No começo do mandato o discurso foi muito ruim”, disse Carvalho, durante a celebração dos 30 anos da Abag em São Paulo. “Além disso, qualquer coisa que cheirasse a bolsonarismo, o governo perdia a calma e falava coisas que irritavam o setor. Agora o clima parece estar mais ameno, mas aguardamos um sinal do presidente Lula.”

Segundo o presidente, os empresários do agronegócio estão “muito preocupados” com o governo. Especialmente com a ala mais radical. “O governo está bem dividido, esse é um dos maiores problemas”, disse.

“Mas há setores que estão colaborando para construir uma ponte, como o Ministério da Agricultura e o Itamaraty”, afirmou. “Estamos trabalhando bem.”

Luiz Carlos Corrêa Carvalho (cujo apelido é Caio), presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) | Foto: Divulgação
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Lula quer BNDES de novo no exterior

O governo federal enviou ao Congresso um projeto de lei que permite que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) volte a financiar atividades de empresas brasileiras no exterior e constitua subsidiárias integrais ou controladas.

Segundo o governo, existem mais de 90 agências públicas de crédito à exportação no mundo, e programas desse tipo existem há mais de cem anos em países desenvolvidos.

A participação do BNDES no financiamento de empresas brasileiras no exterior é uma questão polêmica. De um lado, os apoiadores da medida apontam potenciais ganhos às empresas nacionais em obras no exterior, com a conquista de espaços relevantes no tabuleiro da política internacional. De outro, casos de corrupção revelados no passado pela operação Lava Jato envolvendo o BNDES, além da inadimplência de muitos países que obtiveram empréstimos pelo banco de fomento brasileiro, geram o receio de que situações parecidas possam voltar a ocorrer. 

No Congresso já há outra lei tramitando em sentido contrário. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prevê a necessidade de autorização do Poder Legislativo para operações de crédito executadas fora do Brasil realizadas por instituições financeiras controladas pela União.

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Sede do BNDES, no Rio de Janeiro | Foto: Divulgação/Agência Brasil
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Petrobras retoma refinaria…

A Petrobras rescindiu o contrato para a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor) e retomou o ativo. 

Segundo a Petrobras, o cancelamento aconteceu pela ausência de cumprimento de condições precedentes no prazo definido.

A Grepar, compradora da refinaria, anunciou que vai acionar a Justiça pedindo uma indenização por perdas e danos. 

A Lubnor está localizada em Fortaleza (CE) e possui capacidade de processamento autorizada de 8,2 mil barris por dia.

A planta é uma das líderes nacionais em produção de asfalto, e a única unidade de refino no país a produzir lubrificantes naftênicos.

A Lubnor foi uma das refinarias vendidas pela Petrobras durante o governo de Jair Bolsonaro. Todavia, o negócio não havia sido concluído. Após o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova gestão da Petrobras já deixou clara sua oposição a vendas de novas refinarias.

A gestão de Jean Paul Prates pediu uma revisão do acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de 2019, que previa a venda de metade de suas refinarias. 

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Jean Paul Prates, presidente da Petrobras | Foto: Agência Brasil
…e permite nomeação de políticos em conselho

A assembleia de acionistas da Petrobras aprovou uma mudança no estatuto da empresa que permite indicações de políticos para membros da alta diretoria. 

A mudança no estatuto foi possível graças a uma decisão liminar do então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, proferida em março deste ano, poucas horas antes de sua aposentadoria. 

Lewandowski suspendeu o trecho da Lei das Estatais que proíbe indicações de políticos em conselhos de administração ou como diretores de estatais. 

O STF não tomou uma decisão final sobre o tema. Mas a Petrobras já decidiu.

Ricardo Lewandowski | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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Confiança do comércio em baixa

O Índice de Confiança do Comércio (Icom), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), recuou pelo terceiro mês consecutivo em novembro, caindo 2,7 pontos, para 86,5 pontos.

O indicador foi influenciado pelas avaliações dos comerciantes em relação ao momento atual, assim como pelas perspectivas para os próximos meses. 

Segundo o FGV/Ibre, apesar da melhora do ambiente macroeconômico e do início das vendas de fim de ano, o desempenho do comércio ficou aquém do esperado para o período, com resultados positivos em apenas duas das seis principais atividades no mês. E isso pesou sobre a confiança do setor.

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Dívida pública volta a subir

A Dívida Pública Federal (DPF) voltou a subir em outubro. Segundo números divulgados pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 6,028 trilhões em setembro para R$ 6,172 trilhões no mês seguinte, uma alta de 1,58%.

Em abril, a dívida pública brasileira havia superado pela primeira vez a barreira de R$ 6 trilhões.

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Sabesp será privatizada. E ponto final

O Projeto de Lei (PL) da privatização da Sabesp, a empresa de saneamento de São Paulo, vai tramitar na próxima segunda-feira, 4, um dia antes do previsto, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

O pedido de antecipar a tramitação foi apresentado pelo próprio governo do Estado, já que o projeto contaria com o apoio de cerca de 60 deputados estaduais. Mais do que o suficiente para aprovar o PL, que precisa de uma maioria simples de 48 votos favoráveis para avançar. 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já deixou claro que não tem conversa: a privatização vai ocorrer. 

“Não adianta fazer greve com esse mote. Vamos continuar estudando as privatizações”, declarou o governador. “A operação da Sabesp vai acontecer no ano que vem e vai ser um grande sucesso.”

Governador Tarcísio de Freitas, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, sobre a greve do Metrô, CPTM e Sabesp (3/10/2023) | Foto: Mônica Andrade/Governo do Estado de SP
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Mais impostos para o varejo 

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, aproveitou que está exercendo provisoriamente a Presidência da República durante a viagem de Lula para a COP28 e anunciou a cobrança de impostos para as compras abaixo de US$ 50. 

Decisão tomada poucos dias antes do Natal, quando as compras aumentam para presentes e homenagens. 

O governo tem sido pressionado por varejistas nacionais para taxar empresas estrangeiras, que começaram a dominar o comércio eletrônico brasileiro. Principalmente as empresas asiáticas, como Shein, Shopee e AliExpress.

Mas a reação popular contra esses impostos já levou o governo a cancelar a cobrança no começo do ano. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a garantir que a isenção até US$ 50 seria mantida. 

O governo então obrigou as empresas a se cadastrarem no Programa Remessa Conforme, prometendo benefícios fiscais. Depois de entrarem no programa, as últimas grandes varejistas anunciaram a cobrança de impostos. Afinal, o rombo das contas públicas não se pagará sozinho.

Leia também “Impostos e mais impostos”

7 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Notícias desastrosas oriundas da quadrilha do PT, porém necessária a exposição para nosso conhecimento. Para amenizar, a boa notícia da Sabesp para o povo de São Paulo.

  2. Odilon Soares Teixeira da Silveira
    Odilon Soares Teixeira da Silveira

    Típico de governo fascista,,, cagam montes pro pequeno e médio produtor mas dão vivas pro grande produtor com estória de corrupção e grande amigo do rei,, ,(com minúscula mesmo)…

  3. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Se a esquerda é contra o saneamento é contra a vida

  4. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Joesley vendia carnes há muito tempo até antes de nascer no quintal da casa, com o dinheiro do povo comprou chão é assim que eles chamam, nos EUA e Austrália com bilhões dados pelo BNDES

  5. Marcelo DANTON Silva
    Marcelo DANTON Silva

    A privatização da Sabesp é um marco imperativo para São Paulo poder, DE FATO, entrar na era civilizatório, SEM ESGOTO tratado…SEM CIVILIZAÇÃO!
    Ponto Final!
    Outra vergonha INADMISSÍVEL É o grande Lixão que virou a cidade de São Paulo…V E R G O L H A. ABSOLUTA!!!
    Espanta-me o moradores dessa cidade não se indignarem.
    São coniventes porcos!!
    Querem Dar uma de bonzinhos ao não exigir a RETIRADA forçadamente desses NÓIAS todos bandidos!?!
    Esse prefeito não tem coragem para enfrentar o REAL problema de SAMPA…. NÓIAS moradores de rua…TODOS…absolutamente TODOS…são bandidagem.. não tem gente boa …é mentira de que tem gente honesta nessas situação..
    Sem dó…porque esse tipo de compaixão…MATA e agride diariamente as pessoas honestas e laboriosas.

  6. Emilio Sani
    Emilio Sani

    Excelente título, envolvendo luladrao e Joesleys da vida vimos que o brasil voltou mesmo…o da corrupção institucionalizada e em parcerias com os bilionários, e tudo para o encantador de burros viver como bilionário com a futura janjita se o plano do chefão Zé D(aniel) , aquele que desacovardou o stf, tomou o poder, que é diferente de ganhar eleições, e agora vai firmar a polícia política no stf

    1. Emilio Sani
      Emilio Sani

      não é possível editar, então corrijo cuncluindo a frase, se o plano der certo após a natureza se encarregar do encantador

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