Agosto é mês de azar para quem governa. Comecemos pelas lembranças mais recentes. Em agosto de 2018, o ex-presidente Lula foi impedido pelo TSE de disputar de novo as eleições. Ele já era candidato pentacampeão: disputara todas desde que nos anos 80 elas voltaram a ser autorizadas. Agora, quem está quase aos 80 é ele, que faz 77, os dois martelos, no próximo outubro.
Em agosto de 2016, a então presidente Dilma foi deposta pelo Congresso. Em agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou. Em agosto de 1954, Getúlio Vargas se matou. Em agosto de 1976, o já ex-presidente Juscelino Kubitschek e seu motorista, Geraldo Ribeiro, morreram em acidente na Rodovia Presidente Dutra, depois do Opala preto em que viajavam bater contra um ônibus da Viação Cometa e, desgovernado, ir de encontro a uma carreta Scania Vabis.
Mas há lembranças dos azares de agosto ainda mais antigas para os políticos. Otávio Augusto, primeiro imperador romano, impôs seu nome ao mês, mudando-o de sextilis, sexto mês, para agosto, acrescentou-lhe um dia por inveja de Júlio César, homenageado no nome do mês anterior, quintilis, quinto mês, que por isso passou a chamar-se julho, mas morreu num agosto, o novo nome do mês com o qual homenageara a si mesmo. É verdade que Otávio Augusto morreu de velhice, aos 76 anos, após suceder ao ditador assassinado por traidores liderados por seu filho adotivo, Brutus, que se suicidou depois de derrotado na guerra civil que provocara.
Também foi em agosto que Cleópatra se suicidou, em 39 a.C. O leitor vai pulando os séculos e encontra outras tragédias de agosto, das quais cumpre destacar: o desaparecimento do rei português Dom Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, na África, em quatro de agosto de 1578; o rei francês Luís XVI foi preso em agosto de 1792 e decapitado cinco meses depois; a Primeira Guerra Mundial, deflagrada no primeiro dia de agosto de 1914; a espantosa destruição de Hiroshima e Nagasaki por bombas atômicas de urânio e de plutônio deu-se em seis e nove de agosto de 1945, com a rendição da Alemanha já assinada há três meses.
E para finalizar esta nota sobre o sombrio mês de agosto, a instalação do Muro de Berlim em 13 de agosto de 1961.
Quanto ao número 13, ele já era símbolo de azar deste a Antiguidade: no Século XVIII a.C., o Código de Hamurabi, o primeiro código do mundo, já pulava o artigo 13. Bem mais tarde, no Século IV a. C., o rei Felipe da Macedônia mandou incluir uma estátua sua às dos 12 deuses que eram levados à frente da procissão e pouco depois morreu assassinado.
Ainda hoje vários hotéis dos EUA não têm o 13° andar. Há hospitais sem o quarto de número 13; e aviões, trens e ônibus sem o assento 13. No tarô, o número 13 é ilustrado com um esqueleto carregando a gadanha, uma espécie de foice, simbolizando a Morte.
Na Última Ceia, Jesus, que formava 13 junto aos 12, morreu traído por um deles. Ainda bem que este ano o dia 13 de agosto caiu num sábado. Pelo menos, isso.
Só faltou mencionar que o 13 é o número do partido, com o maior número de bandidos travestidos de políticos.
Correção histórica.
Brutos não era filho adotivo de Júlio César e morreu liderando uma Legião Romana no Norte da África.
O único filho de César foi Pitolomeu Cesário, também filho de Cleópatra.
Fantástica a matéria. Parabéns. Vocês são Gênios.