Oito de cada dez jovens que abandonaram a educação básica estão fora da escola há mais de dois anos. É o que mostra o Instituto Roberto Marinho e o Itaú Educação e Trabalho, por meio da pesquisa Juventudes Fora da Escola.
Os dados baseiam-se nas estatísticas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Brasil, 9,8 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não concluíram o ensino básico (ensino infantil, ensino fundamental e ensino médio) e não frequentam a escola. Esse número corresponde a quase 20% dos jovens. O estudo ouviu 1,6 mil pessoas desta mesma faixa etária.
Dos entrevistados, 84% dos jovens fazem parte da força de trabalho — 69% desses estão ocupados e 67% estão ocupados na informalidade.
No que diz respeito aos dados socioeconômicos, 78% das pessoas fazem parte de família com renda per capita de até um salário mínimo (R$1.412). A maioria deles (43%) não terminou o ensino fundamental. Ao todo, 35% possuem o ensino médio incompleto, e 22% completaram o ensino fundamental, mas não iniciaram o ensino médio.
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Segundo a superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue, os dados mostram a necessidade de trabalhar como motivo para muitos jovens abandonarem ou retomarem os estudos.
“Os dados revelam a questão do mundo do trabalho como central na decisão desses jovens que estão fora da escola, seja na tomada de decisão para interromper os estudos, seja para retomá-los”, diz a especialista ao site Poder360. “Temos o compromisso constitucional de, na escola, formarmos profissionalmente os jovens, para que eles tenham condições de garantir inserção produtiva digna e dar sequência na carreira que desejarem optar.”
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Apesar da alta taxa de evasão escolar, 73% dos entrevistados disseram que pretendem voltar para a escola e concluir a educação básica. O motivo para concluir o ensino deve-se à necessidade dos jovens em conseguir uma condição profissional melhor. Ao todo, 37% deles querem um emprego mais rentável. Quinze por cento acreditam que a educação vai ajudar na hora de entrar no mercado de trabalho. Por fim, 28% pretendem ingressar no ensino superior.
Segundo os 27% dos jovens entrevistados que não pretendem concluir o ensino básico, o principal motivo (32% das respostas) é a necessidade de trabalhar. Cuidar da família é o segundo motivo que impede o retorno dos entrevistados às instituições de ensino.
“Fortalecer a educação profissional e tecnológica é fundamental nesse sentido, para que os jovens tenham formação adequada e alinhada às tendências do mundo do trabalho”, afirma Ana Inoue. “Assim como é urgente criarmos condições para que essa parcela da população estude e tenha oportunidades profissionais.”
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Gabriel de Souza é estagiário da Revista Oeste em São Paulo. Sob supervisão de Edilson Salgueiro