Inventada há 14 anos, ela não foi criada por epidemiologistas, mas por uma simulação de computador
Lojas, igrejas, clubes, bares e restaurantes fechados, jogos de futebol e espetáculos cancelados, moradores impedidos de sair às ruas. Desde o começo da pandemia de coronavírus até hoje, mais de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo estão vivendo sob algum tipo de distanciamento social. Embora muitos estejam discutindo a eficácia do lockdown — a forma mais radical de isolamento — para controlar a proliferação do vírus chinês, nem todos sabem a origem dessa teoria.
Num artigo publicado no American Institute for Economic Research (Aier), Jeffrey A. Tucker, colunista da revista Oeste, contou de onde surgiu a ideia do “fechamento total”. “Existe um grande esforço para tentar normalizar o lockdown e todas as consequências negativas que ele trouxe nos últimos dois meses”, escreveu Tucker. “Não trancamos o país em 1968-69, 1957 ou 1949-1952, ou mesmo durante 1918. Mas o fizemos em março de 2020, causando uma avalanche de problemas sociais, culturais e econômicos, que terão sérias repercussões pelos próximos anos. Não há nada de ‘normal’ nisso. Passaremos décadas tentando descobrir o que aconteceu conosco.”
Como um plano temporário para preservar a capacidade hospitalar se transformou em dois ou três meses de prisão domiciliar, paralisação das viagens internacionais, desemprego, devastação econômica, desprezo pelos direitos e liberdades individuais e fechamento de milhões de empresas?, pergunta Tucker. “Qualquer que seja a resposta, será uma história bizarra”, conclui.
O que é realmente surpreendente, segundo Tucker, é quão recente é a teoria por trás do lockdown. A ideia, conta o economista, foi inventada há 14 anos, não por epidemiologistas, mas por uma simulação de computador. “Esse conceito não foi adotado por médicos — que eram terminantemente contra — , mas por políticos”, diz.
Tucker afirma que a expressão “distanciamento social” foi usada pela primeira vez pelo New York Times em 12 de fevereiro de 2006. “Se a gripe aviária ficar pandêmica enquanto o Tamiflu e as vacinas ainda estão em falta, dizem os especialistas, a única proteção para a maioria dos norte-americanos será o ‘distanciamento social’, que é a nova maneira politicamente correta de dizer ‘quarentena’”, informava a reportagem.
Apesar dos avisos sobre a letalidade da gripe aviária, a grande consequência dessa epidemia foi, segundo Tucker, “enviar George W. Bush à biblioteca para ler sobre a gripe de 1918 e seus resultados catastróficos”. Depois disso, o presidente pediu a especialistas que lhe apresentassem alguns planos sobre o que fazer quando algo realmente sério surgisse.
Em 22 de abril de 2020, o New York Times retomou a história. “Há quatorze anos, dois médicos do governo federal, Richard Hatchett e Carter Mecher, reuniram-se com um colega numa lanchonete no subúrbio de Washington para fazer a revisão final de uma proposta que eles sabiam que não seria levada a sério: dizer aos norte-americanos para ficar em casa, longe do trabalho e da escola, na próxima vez que o país fosse atingido por uma pandemia mortal”, contava a matéria. “Quando os médicos apresentaram seu plano, ele foi recebido com ceticismo e certo grau de ridículo pelas autoridades, que, como outras pessoas nos Estados Unidos, haviam se acostumado a confiar na indústria farmacêutica”.
Para superar a intensa oposição inicial, Hatchett e Mecher juntaram seu trabalho ao de uma equipe do Departamento de Defesa designada para uma tarefa semelhante. Além de “um mergulho profundo na história da gripe espanhola de 1918”, o estudo sofreu outro “desvio inesperado”: uma descoberta que teve início num projeto de pesquisa do ensino médio realizado por Laura M. Glass, a filha de 15 anos de um cientista do Sandia National Laboratories.
Laura criou no computador um modelo que simulava como as pessoas interagiam — membros da família, colegas de trabalho, estudantes nas escolas e demais relações sociais. O que ela descobriu foi que as crianças entram em contato com cerca de 140 pessoas por dia, mais do que qualquer outro grupo. Com base nisso, seu programa mostrou que, numa cidade hipotética de 10.000 pessoas, 5.000 seriam infectadas durante uma pandemia se nenhuma medida fosse tomada — mas apenas 500 seriam infectadas se as escolas fossem fechadas.
Na época, o epidemiologista Donald Henderson, que dirigiu por dez anos o esforço internacional que erradicou a varíola no mundo, rejeitou completamente o esquema. “Henderson estava convencido de que não fazia sentido fechar as escolas ou proibir reuniões públicas”, escreveu o New York Times. “Os adolescentes escapariam de casa para passear no shopping. As crianças pobres não teriam o suficiente para comer. Os médicos enfrentariam dificuldade para trabalhar se seus filhos estivessem em casa.”
As medidas adotadas por Mecher e Hatchett “resultariam em perturbações significativas do funcionamento social das comunidades e causariam sérios problemas econômicos”, escreveu Henderson. A resposta, ele insistiu, era difícil: espalhe a pandemia, trate as pessoas que ficam doentes e trabalhe rapidamente para desenvolver uma vacina para impedir que ela volte.
Tucker cita outro artigo, também de 2006, que refuta o modelo de lockdown. O texto é assinado por Henderson, juntamente com três professores da Universidade Johns Hopkins: o especialista em doenças infecciosas Thomas V. Inglesby, a epidemiologista Jennifer B. Nuzzo e a médica Tara O’Toole.
“Não há observações históricas ou estudos científicos que apoiem o confinamento por quarentena por períodos prolongados com o objetivo de retardar a propagação da gripe”, observa o artigo. “As consequências negativas são tão extremas que essa medida de mitigação não deve ser levada em consideração.”
Segundo o artigo, a quarentena doméstica pode resultar em pessoas saudáveis correndo o risco de ser infectadas por membros da família doentes. “Poderiam ser recomendadas práticas para reduzir o risco de transmissão (lavagem das mãos, manter a distância de 1,5 metro de pessoas infectadas etc.).”
As restrições de viagem, como o fechamento de aeroportos e a triagem de viajantes nas fronteiras, também seriam ineficazes. Além de afirmarem que isso não diminui a propagação do vírus, os autores chamam a atenção para os altos custos econômicos e sociais da medida. “Durante as epidemias sazonais de influenza, os eventos com grandes públicos algumas vezes foram cancelados ou adiados, com o objetivo de diminuir o número de contatos”, explica o texto. “No entanto, não há indicações de que essas ações tenham tido algum efeito definitivo sobre a gravidade ou a duração de uma epidemia.”
Na conclusão, os autores escrevem que as comunidades confrontadas com epidemias ou outros eventos adversos respondem melhor e com menos ansiedade quando o funcionamento social normal da comunidade é menos prejudicado. “Uma forte liderança política e de saúde pública para fornecer garantias e assegurar que os serviços de assistência médica sejam prestados é fundamental”, salientaram. “Se um deles for considerado abaixo do ideal, uma epidemia gerenciável pode se mover em direção a uma catástrofe.”
Como observou Tucker, confrontar uma epidemia gerenciável e transformá-la numa catástrofe parece uma boa descrição de tudo o que está acontecendo na crise de covid-19 de 2020, escreveu. “O lockdown nem sequer era uma ideia do mundo real. A ideia nasceu de um experimento científico do ensino médio, usando técnicas de modelagem baseadas em agentes que nada tinham a ver com a vida real, a ciência real ou a medicina real.”
De acordo com o New York Times, o conceito de lockdown ganhou força durante o governo Bush, que acabou ficando do lado dos defensores do distanciamento social e das paralisações — “embora isso tenha sido pouco notado fora dos círculos da saúde pública”, frisou a reportagem. Essa política acabaria por se tornar a base do planejamento do governo e ser amplamente utilizada em simulações usadas para se preparar para pandemias. Isso aconteceu de maneira limitada em 2009, durante um surto da gripe H1N1. “Então o coronavírus chegou, e o plano foi posto em prática em todo o país pela primeira vez.”
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Muito esclarecedor o artigo. Abriu os meus olhos para ver como é fácil manipular pessoas com base em experimentos sem nenhuma confirmação verdadeiramente científica e sem saber ao certo a origem desses experimentos. Realmente, como se diz por aí: “a ignorância é uma benção.”
Com grandes prejuízos