As três notas iniciais do pianista Yossi Mor já dão o tom. Tinham a sensibilidade de uma criança e a força de uma orquestra. Coube, então, à cantora israelense Shiri Maimon manter a qualidade dos acordes, com sua voz potente e delicada.
Na apresentação dela em São Paulo, no último dia 5, na Hebraica, Shiri cantou e revelou a essência de Israel nas esquinas de Tel-Aviv, nos campos, nas praias e no front de combate.
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O show teve mesmo esse caráter de integração. Funcionou como uma ponte entre a comunidade judaica e a forma com que a juventude israelense vê o país. Neste momento, Israel também precisa de ajuda.
Inclusive para evitar a devastação de suas florestas na Galiléia. Muitas delas estão em chamas, por causa dos bombardeiros do grupo terrorista Hezbollah.
A turnê, que teve show em Buenos Aires, Rio de Janeiro e ainda passará por Berlim, em 12 de setembro, tem dois objetivos: arrecadar fundos para combater os incêndios no norte do país e a compra de um novo caminhão de bombeiros.
Quem a organizou, com a ajuda do patrocínio da Bialski Advogados Associados e do Banco Rendimento, foi a filial brasileira do Keren Kayemet Le Israel (KKL), entidade sem fins lucrativos. Há mais de 120 anos, o KKL atua para proteger o meio ambiente em Israel e no mundo.
Letras poéticas e profundas
Shiri é uma cantora consagrada. Nascida em 1981, fez da música a sua forma de expressão. Até para, no repertório, interpretar a canção Kama Pe’amim (Quantas vezes), que fala sobre o vazio deixado pela perda de Yonatan “Yoni” Levi, seu amigo de infância, da cidade de Kiryat Haim, perto de Haifa. Yoni morreu como soldado, na Guerra no Líbano, em 2006.
Ao apresentar a canção, ela a remeteu ao atual momento, em que soldados combatem em Gaza e no norte, na guerra contra o Hamas e o Hezbollah. Depois da ação terrorista de 7 de outubro. E buscam os reféns, também lembrados naquela noite.
A relação entre as músicas de Shiri e Israel é palpável. Desde que ela foi alçada à fama em 2005, quando se destacou no concurso Kdam Eurovision, uma seletiva para o Eurovision, na Europa. Muitas canções remetem ao pop romântico. Em Israel, este estilo carrega letras poéticas e profundas.
As canções de Shiri muitas vezes exploram a experiência de viver em uma terra marcada pelos contrastes. Pela dor e pela esperança.
Além de várias canções israelenses, ela apresentou um número típico de jazz, de sua performance da peça Chicago, na Broadway e a inesquecível Greatest Love of All, de Whitney Houston.
Shiri completou o repertório com a famosa Yerushalaim Shel Zahav (Jerusalém de Ouro) e Shir HaShalom (A Música da Paz), tradicional canção israelense.
Sempre com o acompanhamento preciso e profundo do pianista Yossi, nascido em 1983, em Lod, Israel. Yossi também é produtor musical.
Cada introdução e complemento de música vindos de seus dedos eram um show à parte. Sem devastação, sem guerra. Capaz de superar qualquer dia, qualquer tempo difícil. Apenas com um acorde, do pesadelo.